Kittler e o “sich”

Friedrich Kittler é um autor essencial à proposta de pesquisa sobre a teoria da mídia alemã.  Este semestre ele dá um curso no Hermann von Helmholtz Zentrum da Universität Humboldt, e seria interessnte poder acompanhá-lo.  Enquanto isso, avançando na leitura de Friedrich Kittler: zur Einfuhrüng, encontro a seguinte anedota: Em 1933, Adorno sugere a seus colegas do Instituto de Pesquisa Social uma aposta divertida.  Trata-se de uma competição para ver quem consegue colocar o reflexivo “sich”(“se”) mais perto do final de uma sentença.  O vencedor, naturalmente, é Adorno, com a frase: “Das unpersönliche Reflexivum erweist in der Tat noch zu Zeiten des Ohnmacht wie der Barbarei als Kulminationspunkt und integrales Kriterium Kritischer Theorie sich“.  A partir dessa anedota, e para reforçar sua posição anti-adorniana, Kittler decide se “proibir” de usar a palavra “sich” (“An dem Gebrauch oder Nicht-Gebrauch des Wortes ‘sich’ hing der ganze Adornismus!”).  Essa peculiaridade – seria como em português a gente falar “ele machucou” em vez de “ele se machucou” (como, aliás, as crianças costumam fazer) – compõe apenas uma pequena parte do singular estilo de Kittler, cujo linguajar já ganhou até uma palavra especial para defini-lo: “Kittlerdeustch” (“alemão de Kittler”).  Vale ou não vale a pena estudar um cara tão doido??